segunda-feira, 19 de outubro de 2009

baile de devaneios debutantes

Fui assistir ao Funâmbulo, na última sexta. Tinha escrito o texto da postagem abaixo pela manhã, vi a peça à noite. O texto é lindo (adoro, mesmo, o Genet)- e há grandes trechos que "bateram" com a minha reflexão que está aí embaixo - a cenografia da Daniela Thomas é parte da personagem, a dedicação do ator ao papel é impressionante...Mas alguma coisa me manteve distante do espetáculo por vários momentos. A coisa toda era pesadíssima (intuindo isso, tive uma pequena crise claustofóbrica ainda antes do início) e, daí, volto a tal reflexão. Resumindo muito mal, o poema do Genet fala da necessidade da entrega total (do equilibrista ao fio, do poeta às palavras), do severo sacerdócio da arte. A solitária obsessão, obviamente, implica em uma restrição de público. Trazendo para os dias de hoje, há questões específicas - o "público" parece cada vez mais buscar "adrenalina", mas em emoções fugazes. Desejo de sacudir tudo por dois minutos, e depois voltar à estaca zero. Justamente o oposto da proposta de um poema como O Funâmbulo (ei, me atirem com pedras amarradas no tornozelo em um rio turbulento e fundo), ou como a poesia em geral. Enfim, mas eu estava concentrada/desconcentrada (será defesa?) na peça, e fui pensando em algumas coisas para nossa farsa. Mas escrevo depois, para não deixar aqui uma quantidade insuportável de textos.

2 comentários:

  1. andréa, onde está em cartaz a peça? vc tem o poema/texto do genet?
    bez

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  2. EZ, vou postar um texto sobre o poema de Genet (outro dia, havia achado trechos do próprio texto, mas agora não encontro mais!). Ah, em cartaz (será q ainda está?) no Sesc Av. Paulista.

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