domingo, 20 de dezembro de 2009

notas 3

Comecei a ler a "Introdução às grandes teorias do teatro". EStou no comecinho, a retomada que o classicismo fez de Aristóteles. Tudo é bem resumido (às vezes desconfio), mas vamos lá...

Aí vai o link para a Farsa de Inês Pereira:

A Farsa de Inês Pereira

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

notas 2

Estou aguardando que cheguem em casa os livros "INTRODUCAO AS GRANDES TEORIA DO TEATRO" (para não começar com coisa pouca...ubi sunt) e "LER O TEATRO CONTEMPORANEO" (para chegar ao hic et nunc).

Li a Santa Joana e depois, o ensaio do Schwarz. A peça escapa totalmente do ensaio...não que haja ali algo equivocado, mas um fechamento que se contrapõe demais à leitura vibrante que a peça desencadeia.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

notas 1

Se a ideia for entrarmos na onda de dramaturgos carregando o fardo de estudantes de literatura, deixo aqui humildes e esquemáticas notas do começo de umas leituras + uma bibliografia básica que podemos dividir e depois nos darmos aulas sobre cada obra...Mas se for para se jogar, podem apagar o post:

- A poética, de Aristóteles, é considerada uma das obras paradigmáticas sobre o teatro, na qual o pensador descreve a diferença entre epopéia e tragédia, sendo esta última caracterizada, sobretudo, pela ação.

- A ação é relativa a uma vontade, ou finalidade – que pode ser simplesmente objetivada na peça. Mas a ação depende de uma vontade motivada, pressupondo causa e efeito.

- A ação dramática pressupõe uma colisão de vontades opostas.


- A estrutura da peça (seu enredo), bem como o detalhamento das características de cada personagem facilitam a escrita de uma parte fundamental do teatro: os diálogos. A escrita dos diálogos pode se orientar de forma retórica (argumentação grega) e de forma metafórica (mais imagética e sugestiva).

- É preciso lembrar de que a peça é algo concreto, construído a base de personagens, diálogos, ações que permitem o afloramento dramático de um tema. Esse não deve ser uma camisa de força, sob pena de tornar o texto uma peça de tese.

- O tempo do drama é o presente, mesmo quando se desloca, é em função dele que se constrói. Ao construir as cenas iniciais, é interessante ir lentamente mostrando os fatos, escondendo outros. Quando o espectador estiver envolvido, após o clímax, é possível acelerar a ação e perder menos tempo com os detalhes.

BIBLIOGRAFIA A CONSULTAR

1) A EXPERIÊNCIA VIVA DO TEATRO
Eric Bentley – Coleção Palco e Tela
Zahar Editores, 1981

2)LER O TEATRO CONTEMPORÂNEO
Jean-Pierre Ryngaert – Ed. Martins Fontes, 1998

3)TRÊS USOS DA FACA – SOBRE A NATUREZA E A FINALIDADE DO DRAMA
David Mamet - Ed. Civilização Brasileira, 2001

4) TRAGÉDIA MODERNA
Raymond Williams - Ed. Cosac & Naify, 2002

4) O TEATRO ÉPICO
Anatol Rosenfeld - COLEÇÃO DEBATES – Editora Perspectiva, 1985

5) O TEATRO BRASILEIRO MODERNO
Décio de Almeida Prado – COLEÇÃO DEBATES - Ed. Perspectiva, 1988

6) O TEXTO NO TEATRO
Sabato Magaldi – Ed. Perspectiva, 2001

7) TEORIA DO DRAMA MODERNO [1880-1950]
Peter Szondi – Cosac & Naify, 200

8) TEATRO PÓS-DRAMÁTICO
Hans-Thies Lehmann - Ed. Cosac & Naify, 2007

sábado, 31 de outubro de 2009

En 1955, avec sa rencontre d’un jeune acrobate Abdallah Bentaga, Jean Genet sort d’un long tunnel de stérilité, et vit non seulement sa plus belle et plus dramatique histoire d’amour, mais aussi sa période la plus riche pour le théâtre : Le Balcon, Les Nègres, Les Paravents. C’est le temps de sa réflexion magistrale sur les voies de la création. Trois essais majeurs en témoignent : L’Atelier d’Alberto Giacometti, Le Secret de Rembrandt et Le Funambule. Ecrit pour Abdallah, c’est un long poème d’amour, mais aussi son Art Poétique : variations sur une dramaturgie du cirque, du théâtre et de la danse, réflexions sur l’artiste dans le monde, solitude et ambivalence de l’acteur, va-et-vient entre effacement et gloire, ombre et lumière, mal et bien, apparence et réalité, profane et sacré. Tous les thèmes y sont tendus comme le câble d’acier. Abdallah, initié par Jean Genet, le féconde, à son tour du chant le plus pur pour celui qui l’a inspiré. Miroir l’un de l’autre, ils se recréent dans une fascination réciproque, un croisement d’images et de reflets. L’un par l’autre ils s’accomplissent et accomplissent l’œuvre. Le funambule s’est suicidé en 1964 ; il avait 28 ans. Jean Genet en concevra une responsabilité et une douleur qui ne s’effaceront jamais ; les derniers jours de sa vie, il ne parlait que d’Abdallah à ses proches.

Fonte: http://www.theatre-contemporain.net/textes/Le-Funambule-avec-lenfant-criminel

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

sarraceniaceae, da ordem ericales

pelo cheiro,
envolver o outro
num perfume de morte
até que essa
sedução sirva de seiva
para um novo ciclo
vicioso
de escrita,
- intercalada -
em tempos dispersos,
vítimas dos nossos próprios
versos.


teatro em portugal & didascália

lembrar de comentar as peças que vi em portugal,
6 personagens à procura de um autor, orelha de deus,
mas estou com o anti-cristo na cabeça.


em algum lugar eu tinha deixado

uma didascália,

um poema

de muito tempo, tenho que procurar isso,

essa semana.

dupla de três, quarteto de trincas,

(sempre de noite)


1.

comemos,

bebemos,

falamos,

mas havia um lugar onde não

chegávamos,

não sei o porquê.


e ponho o garfo sobre a mesa.


2.

esses dois personagens,

homens,

de que falavas sempre,

eu nunca os vi, de fato.


as taças de vinho estão sempre cheias.


3.

por trás da sua fala havia um incômodo,

não sei dizer,

e ela pegava na orelha enquanto tentava

olhar para o outro lado,

disfarçando - uma garça.



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1.

antes de você chamar,

eu já sabia.



2.

talvez o incômodo fosse consigo,

e não comigo.


3.

repeti, durante o jantar,

inúmeras vezes a palavra cansaço.


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1.

- você já experimentou a dieta do iogurte?

- não, eu não tomo lactose, por causa da alergia. por quê?


2.

o mau-humor é generalizado em dias de muito calor

e trânsito. o metro fica especialmente insuportável.

sinto falta do vento. dizem que em belo horizonte é pior,

e em madri também.


3.

estávamos sentados em banquetas e era desconfortável.


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1.

é impossível corrigir a fala,

é sempre incorrer num novo erro.


2.

enquanto ela passava o batom,

olhando o espelho,

elas conversavam

animadamente sobre o relacionamento

aberto de uma delas.


3.

desconfie das pessoas que falam

muito devagar, é uma preparação de um bote,

tenho certeza.


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sim, sim

ai que prazer

ser um elemento

entre vocês

sim, sim

devagar

tateando o azul

do fundo

do mar

oceano desaparecido

da retina

fria

da cidade

ai são paulo!

formigueiro de gente

correndo

de um lado pro

outro

em fila indiana

tanta gente

tanta gente

tanta gente


saudade de lisboa

onde o azul ao fundo

o rio invade a cidade

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

baile de devaneios debutantes

Fui assistir ao Funâmbulo, na última sexta. Tinha escrito o texto da postagem abaixo pela manhã, vi a peça à noite. O texto é lindo (adoro, mesmo, o Genet)- e há grandes trechos que "bateram" com a minha reflexão que está aí embaixo - a cenografia da Daniela Thomas é parte da personagem, a dedicação do ator ao papel é impressionante...Mas alguma coisa me manteve distante do espetáculo por vários momentos. A coisa toda era pesadíssima (intuindo isso, tive uma pequena crise claustofóbrica ainda antes do início) e, daí, volto a tal reflexão. Resumindo muito mal, o poema do Genet fala da necessidade da entrega total (do equilibrista ao fio, do poeta às palavras), do severo sacerdócio da arte. A solitária obsessão, obviamente, implica em uma restrição de público. Trazendo para os dias de hoje, há questões específicas - o "público" parece cada vez mais buscar "adrenalina", mas em emoções fugazes. Desejo de sacudir tudo por dois minutos, e depois voltar à estaca zero. Justamente o oposto da proposta de um poema como O Funâmbulo (ei, me atirem com pedras amarradas no tornozelo em um rio turbulento e fundo), ou como a poesia em geral. Enfim, mas eu estava concentrada/desconcentrada (será defesa?) na peça, e fui pensando em algumas coisas para nossa farsa. Mas escrevo depois, para não deixar aqui uma quantidade insuportável de textos.

São Paulo, 16 de outubro de 2009

poderia ser com um pouquinho de música ou ainda, manteiga por cima, empilhados como panquecas, estes versos, uma gracinha, fáceis de digerir, com um toque familiar, não é isso? repisar passos conhecidos, acordar na mesma cama. a mudança mais radical nos lembra (não vou escrever aqui, dá azar e pode assustar alguém tão sensível. prometo que não, se você jurar me seguir com os olhos. sinta essa brisa que sopro, tão exclusiva quanto inofensiva). ..

um dia igual – como os quadradinhos numerados do calendário – ao outro, é um elo causal, uma coisa leva à outra, e não acaba mais.